domingo, 1 de julho de 2007

Diário de bordo




Viajar de avião era coisa pra poucos há um tempo. Hoje é algo totalmente democratizado. Já quase não dá pra perceber a diferença entre o Tom Jobim e a Novo Rio, desde os banheiros até os xingamentos. Virou moda xingar funcionário de empresa aérea. É bom porque elas não revidam.


Quando se entra no avião, piora um pouco. Viajar pela Gol é isso. Refeição: biscoito goaiabinha e um copo de refrigerante. Parece lanche de cantina de escola. O engraçado é que quem serve o lanche tem uma marra de se invejar. Aquelas comissárias de bordo com seus trajes imaculados e penteados maravilhosos cumprem seu papel glamouroso com afinco. Garçonetes do ar. Servem o "drink" e recolhem a sujeira. Sem a cara de nojo com que atendem na saída.


Mas não é só no Rio que as coisas estão tão largadas. O Aeroporto de Brasília também estava uma graça este fim de semana. Sabe aquelas cenas de gente jogada pelo chão esperando vôo? É tudo verdade. E todos entendem como comum. Eu, fiquei felicíssimo, por exemplo, quando descobri que o atraso do vôo era só de uma hora. Só não aproveitei o tapete porque bastava ler o jornal pra passar o tempo.


Apesar desses transtornos todos, viajar para Brasília é sempre um bom programa, pelo menos pra mim. A quantidade de programação a que se pode recorrer é imensa. É só pensar em algo diferente pra comer e lá já tem até delivery.


O mais interessante de lá, todavia, são as pessoas. Nunca vi, no país, tanta mistura. Há, entretanto, uma forte tendência de, quem não conhece, se achar que todo mundo é nordestino por conta do sotaque carregado de alguns.


Não fora a facilidade de se fazer um programa decente (no bom sentido, é claro) e muita gente morreria de depressão no DF, pois as distâncias, apesar de pequenas, não facilitam em nada a vida de pedestres. Se quiser caminhar, por exemplo, tem que ir ao parque, e nem sempre se está a fima de fazer esse tipo de coisa.


Pra não surtar, muitos acabam tornando-se comediantes sensacionais. Em qualquer outro lugar do país seriam apenas alcoólatras, mas lá com aquele tempo tão seco, parece que ninguém fica bêbado, mesmo depois de 40 tulipas de chope.


O consumo de álcool pra alguns de lá rendem frases lapidares, que versam sobre diferentes assuntos, mas que sempre privilegiarão questões relativas à sexualidade, tais como:


"O homem que é home não convida amigo pra comer crepe..."


"Se eu vir amigo comendo churros, tiro o cinto na hora pra dar uma surra."


"Se, por um acaso, alguém fizer algum mal a amigo meu, eu só preciso de uma foto três por quatro do cara."


"Já que sou solteiro, me dou ao luxo de ser escroto."


E, finalmente,


"Quem come de tudo está sempre mastigando."


Agora imaginem essas frases pronunciadas com aquele sotaque de piauiense!


Viagem cansativa pra ir a um aniversário. Contudo, valeu. Apesar do aeroporto. Só não foi tão ruim porque resolvi seguir os conselhos da Martha. Em etapas. Relaxei no aeroporto pra não me aborrecer. O resto, resolvi com minha senhora.

7 comentários:

Andrea disse...

Eu adoro aeroporto...quando não sou eu viajando.

Ana disse...

Amei as frases. Precisamos publicá-las!

Fernanda Abreu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Abreu disse...

Pois é, descobriram o efeito de 40 tulipas de chopp em brasilienses. O quê será que nossos governantes fazem quando não estão "trabalhando"? Ahh, essa política. hehehe... Falo nada.
Obs: Ciências Sociais vêem me cativando.

Fernanda Abreu disse...

Tudo bem que coloquei um 'e' a mais ali no "vêem", mas deixa quieto.

=|

Master disse...

Esta foi de um filósofo contemporâneo, mais conhecido como EK: "Na verdade, qualquer movimento de uma mulher em direção ao homem é um desejo de copular..."

Bernardo Xavier disse...

Sua senhora é sua mãe ou sua esposa?