domingo, 29 de julho de 2007

Ode à cópia



Não sou do tipo que se torna fã de qualquer coisa. A única exceção foi o "Seinfeld". Depois de assistir a alguns episódios , queria ler tudo que dissesse respeito da série. Até Vanity Fair eu cheguei a comprar.


Pra quem não conhece, o programa é conhecido como a "comédia sobre o nada", uma vez que trata de assuntos cotidianos que, em tese, não renderiam nada de engraçado. Afinal, quem quer saber sobre o seu dia?


Acontece que o dia-a-dia das pessoas é engraçado, basta que se façam observações interessantes sobre aquilo que se passou. É o que acontece na série.


Depois de assistir a todos os episódios mais de uma vez, percebi como a programação das nossas tvs abertas é reciclada. Partes de alguns programas, tratados como inteligentes , são, na verdade, cópias deslavadas de séries como "Seinfeld" e "The office".


Isso me leva a pensar na criatividade do ser humano. Será que tudo nessa vida é intertexto? Tudo o que há já foi dito? Nada é original?


Faz tempo que não vejo originalidade. Não sinto o cheiro de originalidade em absolutamente nada, por conta disso é que não recrimino quem contrata "ghost writer" pra escrever tese. E quem sou pra criticar a Fernanda Young e seu marido por sempre "parafrasearem" trechos dos roteiros de "Seinfeld"?


Normalmente, quem tenta ser original é um chato. É só dar uma olhada por aí, seja na tv, na rádio, na academia - principalmente na academia.


Quem tem tempo de ser original?


A preocupação de hoje é: como parafrasear de tal forma, que não se identifique a forma-base? Quem consegue isso está bem na fita.


Eu desiti de tentar ser referência. Não me serve de absolutamente nada. Um dia iriam me roubar os créditos mesmo! Por enquanto, vou procurando idéias que possam ser copiadas, repetidas a exaustão. Pelo menos faço as referências em bibliografia.
Dessa forma, devo fazer a devida referência aos roteiristas de "Seinfeld", que, de alguma forma, estão sempre presentes em meus textos, mesmo que indiretamente. Afinal, tudo é intertexto.

Um comentário:

Andrea disse...

A originalidade acabou muito antes de Walter Benjamin denunciar em "A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica"
Ah, não lembro de quem eu copiei essa idéia.