domingo, 30 de setembro de 2007

Querelas

Sou contra o relacionamento harmônico entre mãe e esposa, doravante sogra e nora. Sou contra e acho que todos os homens deveriam ser. É só parar pra pensar.

O fato de as duas estarem unidas sempre trará problemas para o homem, que nunca terá descanso. Entretanto, quando brigadas, o homem terá razão quase todas as vezes, bastar pender para um lado ou para o outro.

Quando eu estiver sem saco pra minha mãe, fico com a esposa. Quando esta me irritar, a mãe estará de braços abertos para ajudar no linchamento moral da outra.

É bem assim. É bom assim.

Rumo ao ...


Por que ganhamos felicitações em nosso aniversário? Sempre pensei nisso, uma vez que a única coisa nada fizemos para merecer essas congratulações (estrangeirismo!!), apenas nos mantivemos vivos.


Vejo a época de aniversário como algo a agradecer-"Mais uma ano e ainda estou aqui!"-, o restante das pessoas, entretanto, não teria motivo algum para felicitar o aniversariante, a não ser o fato de achar que, se assim não fizesse, estaria magoando a pessoa.


Meu problema com felicitações é que não consigo agradecer a contento. Ainda mais agora com orkut. Ao vivo, é sempre aquele sorriso amarelo e um "Pô, valeu..."


Mas seria interessante saber qual a melhor forma de se felicitar alguém, já que é algo de que não se pode fugir. Aqueles abraços efusivos. Aqueles beijos obrigatórios no meio do corredor, levando a outros beijos obrigatórios.


Tudo isso pode ser até desconfortável, mas até que eu gosto.

domingo, 23 de setembro de 2007

Mãe é mãe. Pra sempre.


Depois de chorar pelo Romário. Depois de me criticar por qualquer atitude considerada correta no mundo dos normais. Depois de discutir com personagens de novelas. Depois de quase morrer pela noningentésima sexagésima sexta vez.


Depois de criar filho de gente que não presta. Depois de tornar filho de gente que não presta em minimerda. Depois de, após supostas crises de não-sei-o-quê, fugir de casa no meio da madrugada e dizer que estava perdida.


Depois de ouvir desaforo de vagabunda. Depois de dar razão à vagabunda. Depois de me indicar vagabunda pra namorar.


Depois de me obrigar a ir a passeios sui generis. Depois de tentar "matar" o marido algumas vezes. Depois dos escândalos em supermercados por conta de produtos fora da validade.


Depois da enésima cirurgia no joelho. Depois da trecentésima décima quarta sessão de fisioterapia. Depois da bursite. Depois da artrite. Depois da diabetes (essa é nova).


Depois do ciúme das namoradas. Depois do ciúme da ex-noiva. Depois das brigas com a ex-noiva. Depois dos roubos noturnos da aliança do filho.


Depois das discussões com o neto. Depois das perdas de discussões com o neto. Depois da reconciliação com o neto.


Agora ela quer se inscrever no BBB.

Vanessando vou


Voltando ao tema década de 80, era muito na moda gostar da chamada Vanguarda paulistana, que fazia música pra meia dúzia de pessoas. Caras como Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, a chata da Tetê Espíndola, além de bandas como o Premeditando o Breque e a Patife Band - que musicou "Poema em linha reta", quer dizer, meio que musicou.

Gostar dessas coisas fazia parte do comportamento pernóstico dos chamados yuppies da época. Acontece que a música era uma merda. Arrigo Barnabé fazendo dupla com Tetê Espíndola em "Pô, amar é importante" era considerado clássico. Imagine, se a letra já é a maravilha que se apresenta- e olha que quase não tenho preconceitos com relação a gostos musicais-, quanto mais a melodia da canção, além da interpretação do Arrigo - sempre parecendo um bêbado-, que era sofrível, e o histrionismo da Tetê.
O equivalente, hoje, a gostar daquilo seria gostar da enjoadíssima Vanessa da Matta; achar a Negra Li o máximo; entender as letras do Jair Oliveira como algo espetacular; acreditar-ainda-que o Jorge viadercilo é mesmo o "Novo-Djavan".

O ápice do sucesso da VP foi quando o Língua de Trapo chegou às finais de um dos festivais organizados pela Globo com "Os metaleiros também amam", que era engraçada apenas por fazer troça dos metaleiros.

Acontece que esse povo da atualidade se acha sério. A VP era ruim e se entendia com tal. Quem gosta de gente como Vanessa da Matta, que assassinou Por enquanto do Legião deve ser considerado cúmplice.

Sou bastante eclético com relação à música, mas não consigo aceitar esse pop travestido de mpb que se faz hoje por aí. Pode-se até gostar da música, mas não me venha dizer que sou obrigado a isso.



sábado, 22 de setembro de 2007

Amigas


Existe uma comunidade no orkut chamada "Sinceridade entre amigos". Pode-se dizer que se trata da mais paradoxal das comunidades. Isso porque, para haver amizade, não pode haver sinceridade. Principalmente se a amizade é entre mulheres.

Tendo em vista que as mulheres antes de serem amigas são adversárias, só haverá sinceridade caso uma não esteja invadindo o terreno da outra.

Mesmo quando as duas ( ou mais) são bem casadas, bem empregadas etc., haverá sempre aquela velha sensação de que a grama do vizinho é mais verde. Só haverá sinceridade nesse caso, se uma tem tudo e a outra, nada.

Para não haver a famosa furação de olho, a mulher tem que estar melhor que a amiga em TODOS os aspectos. Assim, tem que ganhar mais que a outra - além de estar para receber promoção-, tem que sair com um cara melhor - sim, pois não se pode arriscar o fato de a outra não ter namorado -, tem que morar melhor, e por aí vai.

No fundo, no fundo, as mulheres não querem amigas, querem mucamas. Querem ouvintes que não interajam, apenas ouçam.

Dessa forma, pra que sinceridade? Não pensem que realmente existe isso! Na primeira oportunidade vai haver aquela discussão sobre cabelo, o namorado galinha e a topeirice da melhor amiga -cujo marido sempre solta piadinhas, sempre dá uma cantada.

Por conta disso, as mulheres descoladas de hoje desistiram de amigas mulheres e adotaram as amigas-bibas. Pelo menos sabem que a falsidade dos viados é sincera!

domingo, 16 de setembro de 2007

Beijo no asfalto



Beijo na boca em público é algo perigoso. Nem todos têm esse direito. Os cidadãos comuns devem ser poupados de explícitas manifestações de afeto.


Há vários tipos de beijo público, entretanto. Os possíveis, aceitáveis socialmente, são aqueles que ocorrem em festas, raves, restaurantes. Ou seja, só é legal beijar seu pessoal onde todo mundo faz o mesmo, pra dizer o mínimo.


Ponto de ônibus definitivamente não é local apropriado para a prática. E o engraçado é que normalmente tem um casal engatado nesses lugares, principalmente adolescentes. Aliás, se aé adolescente, a gente até aceita.


O que não se faz é beijar em locais como a avenida do Contorno, caminho de Niterói para São Gonçalo. O que levaria um casal a beijar em local ermo às 9 da manhã, com trânsito engarrafado. Quer dizer, ermo para pedestres.


Também é inaceitável beijo de casal com mais de 35 anos. Tem que avisar pra esse povo que se deve fazer o maior esforço pro público não ver sua língua. Nessa idade, os casais parecem perder a noção de que nem todo beijo público é prólogo de filme pornô.
Enfim, o contexto aí da foto é improvável, ainda mais em tempos de escovas de chocolate. No entanto, se a moça vai dar essa caidinha , não custa nada tentar.


sábado, 15 de setembro de 2007

Chapéu de burro


Tão certo quanto 2+2= 4 é o fato de que professor deve ter o maior cuidado com o que fala em sala de aula.


Muitos profissionais bem intencionados têm sofrido por querer trazer discussões mais aprofundadas, intelectualizadas, para alunos que só se identificam com o senso comum. Por conta disso, disciplinas que discutam questões sociológicas ou filosóficas simplesmente perdem a razão de ser, pois muitos alunos não tê a menor capacidade de abstração.


Um grande amigo teve problema sério que se arrasta até hoje na justiça por conta de aluna cotista que se sentiu ofendida por comentário. A mulher estaria incomodando, atrapalhando a aula. Só que ela era cotista.


Hoje muitos entendem que ser sujeito dentro de uma minoria pode ser vantajoso. Quando alguém se entende como negro, favelado, evangélico, homossexual etc., destaca-se socialmente, por mais contraditório que pareça. Esse posicionamento cria uma couraça e traz legitimidade para essas pessoas constrangerem aqueles que, supostamente, as constrangem.


Nos últimos dias, soube de casos de professores que, ao discutirem de maneira objetiva questões ligadas a religião e raça foram taxados de preconceituosos. Ou seja, o certo mesmo é privilegiar a mediocridade. Certo mesmo é subsidiar o espírito de porco.


Só dá pra concluir que o preconceito é necessário, embora tanto se lute contra isso. Não fosse o preconceito, as minorias perderiam esse instinto de sobrevivência!


Nessa história toda, a verdade é que o único preconceito que deveria subsistir é aquele contra a burrice de muitos que rodeiam a gente. A ignorância do branco, do pardo, do negro, do homossexual, do heterossexual etc. deveria ser contida antes de se transformar em estupidez.


Eu não sei lidar com estupidez.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Palavras amenas

Não sou de falar palavrão, pois não acho que o uso desse tipo de estratégia acrescente nos contextos em que atuo. Imaginem, professor falando palavrão com aluno! É muito engraçado, pois se sai da boca de um educador um "Po-ta-quél-pa-réu !", aquele aluno que não tira o caralho da boca se ofende, vai à direção, chama a mãe e por aí vai.
Entendo que existem dois tipos de palavrão: o interjectivo - que surge quando se dá uma topada, quando se pisa em cocô de cachorro na rua, quando o Souza perde um gol feito etc. - e o lexical. Está aí o problema. Quando o palavrão já faz perte do repertório lingüístico da pessoa como parte do seu vocabulário, não tem jeito, vira bagunça.
Há pessoas que simplesmente não conseguem deixar de utilizar um ou outro tipo, mas quando em uma frase o núcleo do sujeito, ou do objeto, é o substantivo puta ou viado, a pessoa precisa repensar seus conceitos de educação.
Um terceiro tipo de palavrão vem se disseminando de maneira alarmante: o palavrão gramatical. Sabe aqueles usos de "porra"? (Veja bem, falei em usos da expressão "porra" e não da porra propriamente dita!) Então, tem gente que usa como marcador discursivo, muitas vezes para enfatizar determinado raciocínio. Em vez de "aí", usam "porra".
O grande problema dos palavrões está no fato de que, de maneira geral, eles estão ligados à sexualidade (viado, puta, caralho, porra, foda, fodeu, vai tomar no cu etc.), e sexualidade ainda é tabu. Se não fosse tão complicado falar de sexo abertamente (sem trocadilhos) hoje em dia, determinadas palavras seriam vistas e utilizadas com mais naturalidade. Por que uma palavra como ladrão, apesar de ofensiva, não é um xingamento? Corrupto? Porque sexo é democrático, e, pra atingir o maior número de pessoas, é necessário trabalhar com um discurso mais amplo. Quem trabalha com análise do discurso e teoria da argumentação deve manjar aquele papo de auditório universal.
Ora, o sexo é democrático. Qualquer um pode fazer , e todos conhecem a linguagem utilizada. Naqueles momentos, a mulher quer ser a piranha, o cara aceita ser o filho da puta e por aí vai.
Enfim, o que acontece é o seguinte: falar palavrão é liberado, desde que em um ambiente próprio, com uma parceira cooperativa. Ou uma sala de aula cheia de aluno filho da puta!

Ações afirmativas

As chamadas ações afirmativas são o que de pior existem na sociedade atual. Sinto falta de quando se chamava aquele cara babaca de viadinho, de quando o professor sugeria na sala que uma aluna era gostosa, de quando se chamava aluno burro de burro, animal ou coisas afins.
Por exemplo, eu tenho um aluno mudo. Entretanto, posso dizer que, dentre os mais de quinhentos que tenho hoje, ele é o que mais me incomoda. O cara atrapalha só pelo fato de entrar na sala. É um dos mudos mais falantes do Brasil. O cara chega e fica desenrolando com as menininhas. Já imaginou mudo desenrolando? Só sai vogal! E, como ele não se ouve, não sabe o mal que faz à aula.
Cansei de poupar essa gente. Um dos caras mais incompetentes que conheço é deficiente físico. Só que ninguém fala nada por conta da inclusão.
Por conta de inclusão social é que me sinto cada dia mais excluído. Afinal, a inclusão do incompetente gera depressão em quem lida com esse povo. É o meu caso. Não posso falar nada, então recolho-me a minha insignificância. Excluo-me da sociedade.
Por conta de inclusão, tive que aturar uma cidadã que não conseguia tomar uma decisão sequer por si mesma. Era o protótipo da cara de paisagem. Mas não se podia falar nada, pois era carente e negra. Não se fala de negros.
A não ser que se façam elogios. Uma das mulheres mais bonitas que já vi era negra. Passou por mim em Niterói esses dias. Se fosse uma das mais feias, eu não poderia dizer. Tudo por conta de ações afirmativas.
Talvez no quarto milênio isso tudo mude. Essa tal da "Era de Aquárius" está mesmo uma indecência de tão ruim.

domingo, 2 de setembro de 2007

Osso duro


Sempre quis ser policial e entendo o porquê de nunca ter conseguido: Deus não dá asa a cobra, só isso.
Eu vi Tropa de Elite. Quer dizer, oficialmente não, mas... Todas as vezes em que os traficantes eram humilhados, eu sentia um prazer imensurável. Eu mesmo queria empunhar os fuzis do BOPE. Eu mesmo queria detonar as patricinhas e mauricinhos.
Eu queria ter a legitimidade da Polícia pra falar o que quisesse com quem me olhasse torto, só pelo fato de ser da polícia. Realmente, Deus não pode dar asa a cobra. Acho que duraria, no máximo, duas semanas vivo. Isso se já estivesse morando em Rio Bonito, que é lugar morto. No Rio, eu duraria três horas como policial.
O bom desses filmes "a-vida-como-ela-é" são os diálogos, desde Cidade de Deus, queé pródigo em fals de efeito, até o TE. Isso só comprova que pobre que é criativo. Na hora de esculhambar, recorre-se à favela. Tudo que há de bom no universo terminologia de baixo calão pode ser encontrado lá.

Meu sonho é encontrar um educador que formule a tese do professor com jeito BOPE de ser. Que ele conclua que só padrão bopeano formaria sujeitos-homens e - por que não? - "sujeitas-mulheres". Pro aluno saber como funciona a sociedade, deveria experimentar um pouco do lado amargo. E olha que amargura é o que o "educador" tem de melhor a oferecer. Bem, pelo menos as educadoras.

Oficialmente eu ainda não assisti a Tropa de Elite. Entretanto, quando o filme estrear, tenho certeza de que vou gostar... Sei até que, quando crescer, quero entrar pro BOPE.

A marra eu já tenho.

sábado, 1 de setembro de 2007

Média

A grande frustração de muitos professores de Ensino Superior está no fato de não poder dar aula em Universidade Pública. A minha ainda era maior, porque bati na trave em concurso público que só chamou o primeiro colocado.
Entretanto, os anos passam e a gente vai perdendo a vontade. Afinal, o que é a Academia?
Hoje não se dá o menor valor a quem se dedica à produção de conhecimento. As pessoas entendem essa cruzada como perda de tempo. E realmente é. Pelo menos na minha área.
Aquele pessoal se encastela em suas salas, discute os projetos de pesquisa em andamento, trabalham hipóteses inviáveis e se acha extremamente desgastado.
No final do ano, todos vão batalhar os seus mil reais nas correções de vestibulares. Ninguém perde, nem os medalhões. Por conta disso fico pensando em quão bom financeiramente deve ser dar aula em Universidade Pública.
Sei que há várias pessoas competentes ali mas hoje isso não importa. Hoje o que importa é ser médio, mediano, medíocre. O medíocre não ameaça, por isso tem cargo de confiança. O medíocre não tem aspirações maiores. Quando tem vira presidente.
A Universidade Pública está cheia de medíocres também. Só que medíocres com pompa, que passam a imagem de intelectuais.
O pior é a Universidade Particular que tem medíocres que nem essa aspiração têm. É o meu caso.