quarta-feira, 11 de julho de 2007

Couvert

Vida em sociedade tem uma definição básica: eterno degustar de sapos. Sempre se precisa de alguém. Tem sempre um favor. A fazer ou a receber. Sempre se deve aturar a falha no comportamento alheio, afinal ele (a) não está num bom dia.
Descobri que sou fã de sapos. Sapo é comigo mesmo. Se é pra engolir o desaforo, beleza, make my day! Manda ver. Mas aí dizem que sou grosso quando me engasgo. Ora, me entendam, eu aprecio o sabor. Os outros, no entanto, precisam aprender a admirar a iguaria.
Não é exagero de minha parte quando comento que a vida é um eterno "abrir mão". Pense em o que você fez durante o dia que não gostaria de ter feito. É isso: felicidade é para aqueles que sabem não esquentar com nada. Em alguns momentos, ignorância é bênção.
Marido abre mão. Mulher abre mão. Pai, mãe, filho, filha, todos abrem mão. Empregado só abre mão. Amigo que é amigo abre mão. E fingimos que tudo vai bem, mastigando o sapo, saboreando-o, muitas vezes sem a bebida adequada. Todo dia. Todo o dia.

2 comentários:

Gileade disse...

E quando não nos servem sapos, a gente até estranha... Desconfia de que algo não vai bem...

Ana disse...

Não consigo te imaginar engolindo sapo. Eu sou incapaz. Vai ver que é por isso que eu sou a amiga mais pobre.