sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Palavras amenas

Não sou de falar palavrão, pois não acho que o uso desse tipo de estratégia acrescente nos contextos em que atuo. Imaginem, professor falando palavrão com aluno! É muito engraçado, pois se sai da boca de um educador um "Po-ta-quél-pa-réu !", aquele aluno que não tira o caralho da boca se ofende, vai à direção, chama a mãe e por aí vai.
Entendo que existem dois tipos de palavrão: o interjectivo - que surge quando se dá uma topada, quando se pisa em cocô de cachorro na rua, quando o Souza perde um gol feito etc. - e o lexical. Está aí o problema. Quando o palavrão já faz perte do repertório lingüístico da pessoa como parte do seu vocabulário, não tem jeito, vira bagunça.
Há pessoas que simplesmente não conseguem deixar de utilizar um ou outro tipo, mas quando em uma frase o núcleo do sujeito, ou do objeto, é o substantivo puta ou viado, a pessoa precisa repensar seus conceitos de educação.
Um terceiro tipo de palavrão vem se disseminando de maneira alarmante: o palavrão gramatical. Sabe aqueles usos de "porra"? (Veja bem, falei em usos da expressão "porra" e não da porra propriamente dita!) Então, tem gente que usa como marcador discursivo, muitas vezes para enfatizar determinado raciocínio. Em vez de "aí", usam "porra".
O grande problema dos palavrões está no fato de que, de maneira geral, eles estão ligados à sexualidade (viado, puta, caralho, porra, foda, fodeu, vai tomar no cu etc.), e sexualidade ainda é tabu. Se não fosse tão complicado falar de sexo abertamente (sem trocadilhos) hoje em dia, determinadas palavras seriam vistas e utilizadas com mais naturalidade. Por que uma palavra como ladrão, apesar de ofensiva, não é um xingamento? Corrupto? Porque sexo é democrático, e, pra atingir o maior número de pessoas, é necessário trabalhar com um discurso mais amplo. Quem trabalha com análise do discurso e teoria da argumentação deve manjar aquele papo de auditório universal.
Ora, o sexo é democrático. Qualquer um pode fazer , e todos conhecem a linguagem utilizada. Naqueles momentos, a mulher quer ser a piranha, o cara aceita ser o filho da puta e por aí vai.
Enfim, o que acontece é o seguinte: falar palavrão é liberado, desde que em um ambiente próprio, com uma parceira cooperativa. Ou uma sala de aula cheia de aluno filho da puta!

5 comentários:

Geraldojr disse...

porra eu me encaixo perfeitamente nos tres casos, não consigo falar sem soltar essas merdas, viu só??

abraço gerson

Gileade disse...

Tô vendo que você quis xingar algum aluno e teve que se censurar...

Master disse...

Eu sempre quero xingar algum aluno. Isso é inrente ao ser professor!

Andrea disse...

Eu xindo o tempo todo. Dentro da minha cabeça.

Ana disse...

eu xingo o tempo todo, às vezes fora da minha cabeça.