sábado, 1 de dezembro de 2007

Aula de interpretação


Se perguntassem quem eu gostaria de ser hoje no mundo, minha resposta seria rápida: Hugo Chavez, ou o Papa.

Veja que maravilha: tanto um quanto outro possuem poderes ilimitados. O primeiro está próximo, inclusive, de legitimar isso pela Constituição da Venezuela. O segundo... Bem, o segundo já conseguiu a legitimação lá atrás, porque Pedro não sabia diferenciar os pronomes demonstrativos - aliás, não o culpo, pois pouca gente sabe...

Jesus vai e fala pro apóstolo: "Tu és Pedro, e sobre ESTA pedra edificarei minha igreja." Ora, se Pedro é a pessoa com quem se fala, e Jesus fala Esta pedra - e o esta se refere ao que está próximo da pessoa que fala-, haveria alguma possibilidade de Jesus edificar sua Igreja a partir da figura de um homem? Bem, os católicos acham que sim. Então tá bom.

Por isso queria ser o papa. Pode fazer o que quiser, pois ganhou legitimidade divina para tal. Pelo menos é o que ele acredita, né? É mais ou menos como aquela história do Veríssimo em que se afirma que Deus, quando disse "Crescei e multiplicai-vos", estava falando com um casal de baratas atrás de Adão e Eva, e não com os humanos.

Assim, pode-se concluir que não adianta ensinar que interpretação de texto não é algo tão simples, que as pessoas precisam estabelecer diferentes tipos de relação para chegar a uma conclusão válida sobre o texto. Quando necessário, a gente interpreta do jeito que quiser. É assim na Venezuela, onde o Presidente tem uma forma peculiar de enxergar o mundo que o cerca; é assim no Vaticano, cujos chefes a gente já conhece há um tempinho...

4 comentários:

Gileade disse...

A eterna história dos pronomes... isso rende.
Mas quanto a você: tá querendo poder, é?

Andrea disse...

Deus me livre de um ditador!

Master disse...

Duas possíveis metralhadas as senhoras...

Bernardo Xavier disse...

Voce ainda nao me convenceu com esse papo de pseudo-Pasquale porque seu argumento tem que ser baseado na forma original, e nao na tradução para o portugues, para ser valido.
Enquanto nao conheço os escritos em aramaico(?) continuo sendo católico e reconhecendo o poder do papa.
Sem mais.