sábado, 24 de novembro de 2007

Somos todos iguais



Quem foi que disse que ser cristão é condição do ser ignorante? Ninguém. Ninguém mesmo. Até porque muitos se consideram cristãos, mas ninguém se considera ignorante. Mas pocos são cristãos e muitos, na verdade, são ignorantes.

Eu sou cristão. Acontece que me aborreço com a minha própria ignorância com relação a questões espirituais. Entretanto, eu me aborreço mais ainda com o fato de as pessoas se recusarem a discutir questões seculares pelo fato de isso parecer pouco espiritual.

Por exemplo, eu tenho em minha mente a idéia de que o aborto é questão de saúde. A Igreja também. Só que em viés distinto. Eu sou "pro-choice" e entendo quem não é. Vejam bem- pretensioso demais achar que há mais de um leitor, né?- , eu não patrocinaria um aborto, mas não condeno aquele que, por questões adequadas, tenha que tomar tal atitude.

Acontece que, por norma espiritual, isso seria proibitivo. Então vejamos: será que sou realmente cristão? Será que a minha fé deve se resumir em aceitar condições pré-estabelecidas de convívio com os irmãos? Para muitos, sim.

Por conta de determinados pontos de vista, os evangélicos e católicos mais fervorosos são taxados de ignorantes e, por vezes, fanáticos. Essa denominação se deve à ignorância de quem não compartilha da mesma fé, entretanto não se pode negar que determinadas discussões não acontecem na igreja por falta de cabeças que as discutam. Dificilmente haverá seriedade e se chegará a uma conclusão adequada, portanto.

Eu entendo que, desde que fundamentado, qualquer ponto de vista é defensável. O máximo que posso fazer é aderir a uma tese ou outra, ou me contrapor a ela. Acredito que, respeitando, serei respeitado.

Ultimamente, porém, muitas discussões têm aflorado e o debate sobre o aborto foi algo que me chamou a atenção. Eu acho impressionante a quantidade de pais de famílias que se manifestaram contrariamente à prática. Por questões espirituais...

Nesse contexto, proponho uma redefinição da palavra hipocrisia, que deveria apresentar significações diversas, dependendo do contexto.

Hipocrisia é substantivo abstrato, depende do adjetivo hipócrita para existir. Como só se enxerga a hipocrisia do outro, teoricamente ela não existe no sujeito. Ou seja, pimenta no dos outros é refresco.

Assim, a partir de hoje, condeno os defensores do aborto; abomino evangélico que fala palavrão; tenho nojo de quem fala mal dos outros e tem atitude pessimista com relação à beleza das coisas (o pôr do sol, o céu estrelado, uma árvore frondosa, uma bundinha arrebitada e arredondada.), declarando-me o menos hipócrita dos seres.

Como hipócrita são os outros mesmo. Quero é que os outros se f*!

Legenda:

F*: FODAM

4 comentários:

Gileade disse...

Eu acho que o aborto deveria ser liberado (não que eu seja exatamente a favor, mas todo mundo faz mesmo e existem circunstâncias em que, realmentes se compreende o motivo de fazê-lo), porém controlado por um cadastro nacional informatizado, para ninguém fazer do aborto um método anticoncepcional, afinal, aborto por gravidez indesejada é escolha, visto que além de camisinha e pílulas anticoncepcionais, há hoje a pílula do dia seguinte. Então... trepou sem camisinha e está no período fértil, compre a dita cuja! Não é esperar pra ver se engravida, ficar um mês tensa e depois fazer aborto! Este deveria ser para casos excepcionais, não uma prática corriqueira.

Gileade disse...

Outra questão é a dos homossexuais. Nas igrejas não se discute muito isso. Ou nada. E aí existem duas posições. Aquelas que execram o coitado que nasceu gostando de pessoas do mesmo sexo e aquelas que fingem que eles não existem. É o caso da minha igreja. Lá o que mais tem é gay. Mas ninguém fica perseguindo. Eles até exercem funções, fazem seu trabalho direitinho. Uma velhinha ou outra sempre vai apontar um dedinho e questionar. Mas a gente nega que o gay é gay só para elas não encherem o saco! Eu acredito realmente que a pessoa nasce gay. Já vi muito menininho afeminado que tornou-se um adulto homossexual. Embora também tenha visto uns bem dentro dos padrões que mais tarde efeminaram. De qualquer forma, como não nos cabe rotular e classificar quem nasceu assim e quem só quer aproveitar tudo que a vida oferece, o mínimo que se pode fazer é não impedir a comunhão dessas pessoas na igreja. É claro que não evoluímos ao pondo de o rapaz poder levar o namorado e apresentá-lo. Mas lá na igreja a gente até sabe quem é o namorado de um dos meninos. Ele também tem o direito de amar, por mais que alguns achem difícil aceitar isso...

Master disse...

O pior é que a dificuldade em aceitar é enoooorme. (Aliás, esse enorme é muito gay em todos os sentidos, né?)

Andrea disse...

Eu não convivo bem com dogmas e dificilmente fecharia com qualquer religião, mas acho essa atitude excludente e redutora bem pouco...cristã.