domingo, 11 de novembro de 2007

O amargo é...

A criatividade anda em crise de abstinência. Não quer mesmo dar as caras. Por conta disso é que as pessoas precisam umas das outras para se abastecerem do nonsense diário. Não me importo em ser fonte, desde que haja inteligência envolvida. Quando não há, parte-se para a agressão.
Enfim, democracia tem seus prós e contras. Falaram tão mal do Stálin, que eu quase comprei a idéia de que tudo o que le fazia era sem razão. Hoje eu vejo que tem gente que não tem direito de se expressar, simplesmente porque não tem coisa decente pra falar.
Bem, em homenagem à amargura que cada dia mais toma conta de uma galera da rede, Drummond:
Caso pluvioso
A chuva me irritava. Até que um diadescobri que maria é que chovia.
A chuva era maria. E cada pingo de maria ensopava o meu domingo.
E meus ossos molhando, me deixava como terra que a chuva lavra e lava.
Eu era todo barro, sem verdura... maria, chuvosíssima criatura!
Ela chovia em mim, em cada gesto, pensamento, desejo, sono, e o resto.
Era chuva fininha e chuva grossa, matinal e noturna, ativa...Nossa!
Não me chovas, maria, mais que o justochuvisco de um momento, apenas susto.
Não me inundes de teu líquido plasma, não sejas tão aquático fantasma!
Eu lhe dizia em vão - pois que maria quanto mais eu rogava, mais chovia.
E chuveirando atroz em meu caminho, o deixava banhado em triste vinho,
que não aquece, pois água de chuva mosto é de cinza, não de boa uva.
Chuvadeira maria, chuvadonha, chuvinhenta, chuvil, pluvimedonha!
Eu lhe gritava: Pára! e ela chovendo, poças dágua gelada ia tecendo (...)

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