Feio que é feio tem de saber desenrolar. No mínimo. Afinal, como sobreviver em um mundo em que somos naturalmente excluídos? Funciona mais ou menos assim: se o cara é feio, ou ele dança bem, ou canta bem - sempre cantei bem, mas ninguém jamais soube -, ou, como dito anteriormente, "desenrola" bem - que, na verdade pode substituir qualquer das outras possibilidades, uma vez que o "desenrolar" é amplo. Claro que tudo isso deve acontecer, se o cara quiser ter uma vida sentimental menos medíocre -como a que eu tive na adolescência, época em que, acima de tudo, eu era otário.
Mas isso é pra homem. Mulher não tem muita opção. Tem que ser bonita ou ter fama de piranha, pois pela primeira os caras se apaixonam; a segunda os caras querem porque comer - daí a atençaõ que ganham. Aquele papo de ter de ser inteligente serve muito pra auto-estima dela. Os caras não querem nem saber disso.
Isso tudo aí, entretanto, serve pra adolescência, pois, na fase adulta, como tudo se resumo a sexo mesmo, foda-se tudo. Literalmente. Ou melhor, fodam-se todos.
Eu fico pensando no caso do Renê Sena e a simpática Adriana Sena, a famosa "Égua loura".Esta semana a criatura é capa da Época, graças ao feioso do Renê. Renê que conseguiu a melhor forma de desenrolar do mundo : "E aí, to com 52 milhão. Já é, ou já era?" Pô, quem discute? Aliás, o mal dele foi ter falado em tanto dinheiro. Afinal, acho que 52 "real" já pagavam o frete da égua - que também não é bonita, mas tem a cara de piranha. (De acordo com relatos, obviamente.)
No fim das contas, o episódio só me fez ter mais pena dos feios - menos de mim e de uma galera que conseguiu se arranjar. Será que nem com 52 milhões? E olha que, como diz o Seinfeld, 95% da população mundial são constituídos de "non-dateables". Durma-se com um barulho desses.